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Investigações contradizem versão de Torres sobre visita à superintendência da PF na Bahia antes do 2º turno

Na CPI dos Atos Golpistas, Torres afirmou que foi visitar uma obra na superintendência da PF. No entanto, segundo investigação da Diretoria de Inteligência Policial da PF, o objetivo da visita do ex-ministro foi para tratar de segurança reforçada durante o 2º turno das eleições.

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi questionado nesta terça-feira (8) na CPI dos Atos Golpistas sobre uma viagem à Bahia que fez pouco antes do 2º turno. Torres afirmou que foi visitar uma obra na superintendência da Polícia Federal. No entanto, uma investigação da Diretoria de Inteligência Policial da PF (DIP), em Brasília, contradiz Torres.

O inquérito ouviu delegados federais que estavam na Bahia quando houve a visita. As apurações apontam que Torres mentiu quando disse o motivo da viagem era visitar uma sede da PF em Salvador. Segundo o DIP, o objetivo da visita foi tratar de segurança reforçada durante o 2º turno das eleições presidenciais.

Segundo as investigações, o encontro entre Torres e autoridades da PF, ocorreu no dia 25 de outubro, na então sede provisória da PF da Bahia, à época em prédio alugado.

Além de Torres, estavam presentes como visitantes o então diretor-geral da PF, Delegado Márcio Nunes de Oliveira, e o Brigadeiro Antônio Ramírez Lorenzo, que ocupava cargo de Secretário-Executivo do Ministério da Justiça.

Por parte da PF baiana, três delegados que integravam a cúpula da corporação recepcionaram os superiores: o então superintendente regional, Leandro Almada, e dois de seus auxiliares mais próximos, Flavio Albergaria e Marcelo Werner.

A investigação apurou que o então superintendente regional, Leandro Almada, perguntou ao diretor-geral Márcio Nunes qual era a pauta do encontro e o Nunes, teria respondido que não sabia, mas que o ministro diria no dia seguinte, data da reunião marcada.

Ainda segundo a investigação da DIP, Leandro Almada ouviu de um colega – delegado de Minas – que Márcio Nunes de Oliveira foi obrigado a ir para a Bahia na companhia de Anderson Torres. Este delegado, conforme as apurações, teria testemunhado quando Torres disse ao então diretor-geral da PF que ele deveria viajar também.

Márcio teria respondido, segundo os investigadores, que não poderia ir porque tinha um exame médico inadiável. Anderson Torres foi categórico, e insistiu. O encontro, portanto, ocorreu dia 25 de outubro, por volta das 11h, e durou meia hora.

Segundo a investigação da PF, Anderson Torres abriu a conversa dizendo que estava preocupado com crimes eleitorais, que o primeiro turno tinha sido problemático, que teve notícias de compra de voto na Bahia no primeiro turno. E que seria importante a PF reforçar a presença nas ruas – disponibilizou ainda efetivo da PRF para apoiar a PF.

Leandro Almada respondeu que, se fosse necessário, pediria ajuda, encerrando o assunto.

Segundo o inquérito, os delegados da PF que comandavam a Bahia perceberam – pelo tom e teor da conversa – o suposto objetivo do ex-ministro. Na sequência do encontro, ainda conforme a investigação, eles saíram para almoçar.

O almoço atrasou e o grupo quase desistiu de visitar a obra na sede da PF. Ou seja, pelas apurações feitas durante a investigação em curso, o escopo da viagem de Anderson Torres a Salvador nunca foi visitar a reforma do prédio da PF.

Depoimento
Anderson Torres depôs à comissão em sessão nesta terça. A CPI já aprovou a quebra dos sigilos dele. No dia dos atos golpistas, ele era secretário de Segurança Pública do DF, mas estava viajando para os Estados Unidos.

O ex-gestor é investigado pelo Supremo Tribunal Federal por suposta omissão na montagem do esquema de segurança no dia dos atos golpistas.

Torres chegou a ficar preso por cerca de quatro meses, mas depois foi solto por ordem do ministro Alexandre de Moraes, que impôs, no entanto, o uso de tornozeleira eletrônica.

Nesse documento, havia a decretação de estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a fim de mudar o resultado das eleições presidenciais de 2022, quando Lula (PT) derrotou Bolsonaro.

Aos parlamentares, ele afirmou que o documento era “fantasioso” e “aberração” sem “validade jurídica”.

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