Politica

Vereador quer livro de prefeito de BH fora de circulação: ‘pornografia política’

Em mais um dia de obstrução na Câmara Municipal de Belo Horizonte, o vereador Jorge Santos (Republicanos) afirmou nesta segunda-feira (7) que irá protocolar um pedido na Casa para que um dos livros publicados pelo prefeito Fuad Noman (PSD) seja retirado de circulação. O parlamentar acusa o romance escrito pelo chefe do Executivo de “pornografia política”. Segundo o vereador, a publicação contém palavras obscenas.

Publicado em 2020, quando Fuad ainda era secretário de Fazenda no governo de Alexandre Kalil, o livro “Cobiça”, de 168 páginas, é uma ficção que conta a história de uma jovem que viaja pelo interior do Estado em busca de memórias familiares.

“Cada um interpreta o livro da maneira que quer, mas na minha interpretação, esse livro parece mais uma pornografia política. Você começa a história elegendo o prefeito, elegendo o vereador, dali começa várias palavras muito profundas que eu não vou citar. É um livro que na minha concepção, como uma pessoa pública, como prefeito de Belo Horizonte, (ele) jamais deveria falar essas palavras. Mas ele tem o direito, cada um escreve o que quer”, afirmou Jorge Santos que pretende conseguir o apoio na Câmara para fazer também um pedido uma moção de repúdio contra o livro e contra o prefeito.

“A minha assinatura já basta, mas amanhã (terça) vou colher assinaturas antes de protocolar. Eu já assinei o pedido para que o livro seja retirado de venda”, explicou o vereador.

“Se alguém chega em plenário e ofende um vereador, vem querer pedir cassação. Como que o prefeito dessa cidade, um homem de família, escreve um livro desse? (Ele) tem ainda a cara de pau de solicitar a entrada dele na bancada cristã”, completou Jorge Santos em plenário.

Apesar da iniciativa do parlamentar, parte da oposição do prefeito na Câmara vê com ressalvas um possível apoio à medida por considerar exagerada. A reportagem de O TEMPO procurou a Prefeitura de Belo Horizonte para comentar as acusações do vereador e aguarda um posicionamento.

Na avaliação do líder de governo, Bruno Miranda, a leitura do livro do prefeito em plenário teve como intuito “tumultuar a sessão” na Câmara. “Eles estão tumultuando o ambiente da Câmara, misturando, inclusive, questões pessoais do prefeito. O prefeito é escritor muito antes de ser prefeito da cidade, ele tem toda liberdade dentro de suas obras literárias de escrever o que bem achar que deve escrever na narrativa da obra literária. É mais um instrumento que estão usando para confundir a população, é muito ruim isso”, disse Bruno Miranda.

Com quase 2.000 requerimentos em pauta, o mês de agosto tem sido de muita obstrução e até o momento de nenhuma votação na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Atualmente, há 23 projetos em pauta. Projetos importantes como a revitalização do centro de Belo Horizonte, a liberação da Arena MRV, além da proposta que autoriza o Executivo a contrair empréstimo de até R$ 840 milhões para obras de drenagem e prevenção de enchentes na avenida Vilarinho, em Venda Nova.

O motivo principal para o travamento da pauta é a insatisfação de parte da oposição com o tratamento recebido pela prefeitura.

Com a pauta obstruída desde a última semana, a expectativa é que sejam convocadas reuniões extraordinárias após o dia 16, quando irão finalizar as sessões ordinárias do mês na Casa. Devem ser votados então os projetos da Arena MRV e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que tem como objetivo planejar a elaboração da Lei do Orçamento Anual (LOA) para o ano seguinte.

Segundo interlocutores da prefeitura, apesar da pressão da oposição na obstrução, o Executivo está “tranquilo”, avaliando o cenário “dia a dia”. Para alguns, apesar de importantes os projetos da prefeitura, não há propostas urgentes.

Embates na Câmara
O episódio desta segunda-feira (7) acontece em meio a uma série de embates na Câmara Municipal. Na última semana, o PDT afirmou que iria protocolar um pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Gabriel Azevedo (sem partido), após o vereador se referir aos parlamentares da sigla como “lambe botas” e “resto de ontem”.

“Eu acompanhei estupefato o comportamento de um vereador que pretende ser líder de algum segmento, porque aquela maneira de tratar as pessoas não tem a mínima civilidade. Ele fez um ataque desproporcional, desmedido e desequilibrado. Isto, com certeza, vai repercutir muito mal na carreira e na vida dele. Ele não pode chamar o PDT de puxadinho. Ele não pode dizer que o nosso vereador é resto de ontem. Isso, na minha visão, é uma atitude muito preconceituosa. Não me atrevo a dizer o tamanho do preconceito, mas o judiciário pode analisar isso com mais calma”, afirmou o presidente do PDT em Minas, deputado federal Mário Heringer, durante a convenção do partido no último sábado (5).

Durante a sessão plenária de sexta-feira (4),o presidente da Câmara negou ter ofendido os vereadores do PDT. Segundo o parlamentar, ele disse ter apenas falado que eles “são lambe botas e são do PDT”, completando que repetia a expressão já usada pelo cacique pedetista Ciro Gomes.

Azevedo disse ainda ter chamado Wagner Ferreira, de “resto de ontem” , porque ele teria assumido o cargo de vice-líder de governo após quase um mês da vacância.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo